Entrevista: José Pugas – O Brasil pode e deve ser protagonista no salto em direção à economia verde
28 de dezembro de 2020Estar à frente das estratégias de negócios de uma grande companhia privada, no maior mercado de seu segmento na América Latina, com 4,3 milhões de contas ativas, parece um sonho profissional inatingível para a maioria das pessoas. Mas não para a administradora de empresas Paula Paschoal, diretora sênior do PayPal Brasil desde julho de 2017.
Sua trajetória no grupo, no entanto, começou sete anos antes, assim que iniciaram as operações no País, quando assumiu a diretoria de Vendas e Desenvolvimento de Negócios, alcançando resultados expressivos na conquista de novos clientes e na expansão de parcerias já estabelecidas.
Em dezembro de 2015, ela conquistou a diretoria comercial do PayPal no Brasil, passando a liderar o atendimento a grandes contas, além da área de Pequenos e Médios Negócios.
Formada em Administração de Empresas pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e pós-graduada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), Paula já passou pelo Hotel Transamérica, Câmara Americana de Comércio (Amcham) de São Paulo e AMD. E entre os anos de 2007 e 2010 foi head do site da FNAC.
Em entrevista EXCLUSIVA para o blog OSeuGestor, a executiva do PayPal Brasil fala sobre equidade e diversidade de gênero no escopo da empresa, sobre o empreendedorismo e o cenário do varejo no País, que inclui a aceleração da transformação digital das empresas, em decorrência da pandemia do covid-19, bem como a inclusão financeira de brasileiros e brasileiras de diversas classes socioeconômicas, entre outros assuntos.
Ela ainda anuncia uma novidade: “Nossa parceria com OSeuGestor será mais um grande sucesso para nossos clientes”. Confira!
OSeuGestor – Muito tem se falado sobre igualdade de gênero nos últimos anos e o PayPal, visivelmente, é uma das empresas mais igualitárias nesse sentido, em nosso mercado atual. Como foi imprimir esse estilo de gestão e cultura na empresa?
Paula Paschoal – No PayPal, a equidade [igualdade] e a diversidade de gênero são questões muito sérias, tanto global quanto localmente. Desde 2016, a empresa paga os mesmos salários para homens e mulheres que ocupem a mesma função. E temos uma série de ações internas para garantir a ascensão de mulheres e minorias a postos de liderança.
Atualmente, 50% do conselho global da empresa é formado por mulheres ou minorias étnicas; 51% dos vice-presidentes do PayPal são diversos; e entre diretores e executivos acima dessa posição, o índice alcança 54%. Globalmente, a empresa acaba de atingir a marca de 58% de diversidade.
Assim que o PayPal se separou do eBay, em julho de 2015, tivemos a chance de nos reinventar como empresa. Ou seja, pudemos criar nossa própria missão, com base em pilares nos quais acreditamos – pilares como equidade, diversidade e inclusão.
Nosso CEO, Dan Schulman, costuma dizer que a diversidade é um fato e a inclusão é uma escolha. E escolhemos fazer a coisa certa. Graças a essa nova visão, passamos a olhar de outra maneira também para o nosso board, para as nossas lideranças.
Como elas são formadas? Representam os valores da empresa? Estão em consonância com o que acreditamos? Têm diversidade de pensamento? Sempre que há uma vaga no PayPal Brasil, fazemos questão de receber, entre as opções de candidatos, o currículo de candidatos diversos.
OSG – Depois de todos esses anos à frente do PayPal Brasil, o que você pensa do empreendedor brasileiro e do varejo no País, a partir de dados de uso dos serviços do PayPal Business?
Paula Paschoal – Desde que abrimos o escritório no Brasil, há dez anos, assistimos a uma evolução constante no uso de novas tecnologias, por parte de empreendedores e empreendedoras. São pessoas que encaram diversos desafios para criar suas empresas e prosperar. E o PayPal, desde o começo, está ao lado delas.
Estamos presentes na vida desses gestores e gestoras 24 horas por dia, com nossos programas de proteção, nosso atendimento e a segurança, internacionalmente reconhecida, da nossa plataforma de pagamentos eletrônicos.
O mesmo ocorre com o varejo nacional, já que estamos presentes em praticamente todos eles. O que vimos no decorrer de 2020 foi um avanço ainda maior para a digitalização das vendas online por causa, principalmente, da pandemia da covid-19.
Quem já havia iniciado esse processo, antes do coronavírus, acelerou a transformação. E quem ainda estava em dúvida, teve de tomar decisões instantâneas, teve de reinventar o negócio, tornando-o online do dia para a noite, para enfrentar a quarentena e o distanciamento social. E no PayPal sabemos que esses brasileiros e brasileiras, que se tornaram empresas virtuais, não voltarão mais ao offline.
Hoje, com um smartphone nas mãos, qualquer pessoa pode gerenciar uma empresa, verificar estoque, pagar fornecedores, enviar notas fiscais, pagar taxas, etc. Essa capacidade técnica à disposição de quem quer empreender é a síntese do que defendemos como empresa: a necessidade de democratizar os serviços financeiros para que mais gente possa estar conectada à roda da economia.
OSG – O e-commerce tem crescido a passos largos e tem sido bastante acelerado durante a pandemia. Com a transformação digital das empresas de segmento offline tradicional e sua conseguinte migração para o ambiente online, o que você enxerga de oportunidades para o PayPal nos próximos três anos?
Paula Paschoal – Sairemos da pandemia de covid mais próximos como sociedade e mais digitalizados como consumidores. Se depender de empresas como o PayPal, o caminho para a digitalização da economia, com certeza, será encurtado.
Não vamos voltar ao que era antes. Não vamos usar mais tanto dinheiro. Acho que todos nós também vamos estar mais cientes sobre questões de higiene, daqui para frente. E também creio que veremos os QR Codes se tornarem mais presentes nas lojas, porque isso já está ocorrendo em diversos países do mundo, por causa da crise do coronavírus.
Quanto mais pudermos digitalizar a economia, mais inclusivos seremos. E precisamos ter certeza de que isso acontecerá, porque os pagamentos digitais são muito mais eficientes. Espero que esse seja um ponto de inflexão na maneira como as pessoas gerenciam e movimentam seu dinheiro, porque os benefícios são enormes para quem mais precisa, nossa economia e nossa sociedade.
No Brasil, tivemos um imenso aumento da demanda por pagamentos eletrônicos, desde que a crise da covid começou. Faz todo o sentido porque, além dos cuidados que a população passou a ter no contato pessoal, os brasileiros são, desde sempre, entusiastas da tecnologia, aderindo rapidamente a novas formas de se fazer as coisas no ambiente digital.
Veja o exemplo dos táxis, que agora praticamente só podem ser pedidos e pagos via aplicativos. Seria impensável imaginar algo assim há quatro ou cinco anos. Segundo uma pesquisa PayPal/BigDataCorp., feita em 2019, havia cerca de 930 mil empresas online no País. Este ano, batemos 1,4 milhão.
Desde 2010, o crescimento do e-commerce nacional foi de mais de 7.000%, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Eu tenho certeza de que, nos próximos três anos, vamos ver uma revolução muito maior do que a que ocorreu na última década, em termos de digitalização e empresas online.
OSG – Os ERPs (Enterprise Resource Plannings) e os Business Finance Managers (BFMs) ocupam um lugar de destaque no e-commerce brasileiro, pelo fato de o setor precisar de uma gestão mais agressiva e uma logística muito bem definida. A parceria da fintech brasileira OSeuGestor com o PayPal pode ajudar a alavancar ainda mais a automação desse mercado no País?
Paula Paschoal – O PayPal trabalha com parcerias em todos os mais de 200 mercados em que atuamos. Acreditamos que, somente juntando forças, vamos conseguir transformar a vida de quem produz e vende produtos e serviços.
A automação dos e-commerces é fundamental para que eles ganhem agilidade para trabalhar com fornecedores e clientes, segurança na administração de seu negócio e com tranquilidade para gerenciar sua folha de pagamentos e recebíveis.
Desde 2010, o PayPal está ao lado do e-commerce brasileiro, fomentando seu crescimento e trazendo ao País seus produtos e serviços mais avançados, como o OneTouch, que permite aos clientes PayPal comprarem com um único clique, o que diminui muito o abandono de carrinho no checkout; e nossa função débito, que garante mais uma opção de venda para os merchants, por meio de cartões de débito diretamente na conta do PayPal.
Então, sem dúvida, nossa parceria com OSeuGestor será mais um grande sucesso para nossos clientes.
OSG – O PayPal tem feito movimentos interessantes no exterior, como aceitar criptomoedas em sua carteira. Quando você acredita que essa funcionalidade, em si, estará disponível no Brasil também? Quais as novidades em termos de produto que você pode nos contar para 2021?
Paula Paschoal – Em relação às criptomoedas, por enquanto, esse tema está restrito ao mercado dos Estados Unidos. Segundo nosso CEO e presidente, Dan Schulman, em afirmação feita em um evento recente, o PayPal vem assistindo a um movimento de digitalização dos bancos centrais pelo mundo.
Para ele, a explosão do uso de carteiras digitais, durante a pandemia, indica que o consumidor vai cada vez mais abrir mão do dinheiro físico. E o PayPal está bastante confiante com o futuro das carteiras digitais e a popularização do uso de criptomoedas.
Isso nos parece uma questão de tempo, para que grandes instituições financeiras passem a adotar as criptomoedas. A maioria dos grandes bancos está aguardando as moedas digitais se popularizarem, e o mundo todo está migrando para o ambiente digital.
OSG – Falando do seu lado profissional, que passa pelo pessoal, quais são os três valores não-negociáveis da Paula Paschoal em seu estilo de gestão?
Paula Paschoal – Sem dúvida, minha gestão tem como valores inegociáveis: a transparência, a execução junto e próxima, sempre em colaboração com os times, além da busca contínua por oportunidades iguais para todos e todas.